segunda-feira, outubro 09, 2006

"Quem eu era, quem eu sou e o que pareço..."

Estava eu aqui a tentar arrumar as minhas desarrumações, ao mesmo tempo que tinha a televisão ligada - para não ouvir nada de dentro a gritar que o que precisa de ser arrumado é outro quarto -, quando oiço o senhor Paco Bandeira na ternura dos seus "não-sei-quantos-enta" a cantar, entre outras palavras, as que sobrescrevem este post... "quem eu era, quem eu sou e o que pareço..." fiquei com elas sem muita noção do que tocaram em mim. guardei-as. talvez precisasse mesmo de arrumar no quarto da mente o que fui, o que sou e o que pareço. enquanto isso, vou arrumando o quarto do corpo para apaziguar as paredes que, se têm ouvidos, devem ter também todos os outros sentidos. Não quero que sintam o que eu sinto. Disfarço então para não parecer... para não (a)parecer... às minhas paredes, claro!

Dois dias depois, encontrei o D.C. dos tempos da escola secundária. Éramos miúdos, crescemos. Mas, de alguma forma, parece que estamos à espera de encontrar algo cristalizado na outra pessoa que nos faça identificá-la e lá sai o clichet: "Não mudaste nada!" (que concorre com o "'Tás tão crescida! Andei contigo ao colo!", que não se aplica a este caso, visto eu e o D.C. termos nascido no mesmo mês do mesmo ano e nunca termos passado pelo colo um do outro. bem, mas nunca se sabe! ou nunca queremos saber, que é para a coisa ter mais piada! para a "coisa-vida" ter mais piada...). Neste caso, o D.C. não encontrou em mim a amostra de cristal dos anos áureos da menina certinha, controlada e que aparecia como um exemplo de "juízo perfeito" aos olhos dele. Pois, a menina tinha que "dar o berro" de alguma forma. Ainda não dá berros muito altos para não ferir susceptibilidades, principalmente as das suas paredes, claro, mas vai dando alguns com o corpo para aliviar a mente! O D.C. estava chocado e eu pergunto-me: "já não sou o que era, ou já não pareço o que no fundo não era mas "aparecia" que era? ou continuo a ser o que era mas não aparece o que fui? Sei o que era, vou sabendo o que pareço, mas sei o que sou?" Dramas que já lá cantava o Paco da Bandeira. O drama maior é que ele cantava sobre os "quarenta" e eu já estou neste estado aos 26! Conclusão: adolescência, que tanto me queres dizer? Solta o berro que há em ti! O berro que não soltaste.

Mas, no fundo, apesar da "desilusão" do D.C., ele encontrou-me crescida em palmos interiores. O balanço é positivo. E, passado o estado de choque, acho que ele concorda. E as minhas paredes também, apesar do trabalho que lhes dou. Pensando bem, o D.C. é que não devia estar no seu "juízo perfeito" quando ajuizou alguma perfeição em mim! Juízos imperfeitos!!

1 Comments:

At 9/10/06 12:41, Anonymous Anónimo said...

Pois é amiga..

Chegámos aqui e agora é altura de olhar para o caminho que fizemos e, no que fomos e no que somos, encontar a direcção do futuro que queremos.
Muitas estradas percorremos convictamente, outras encontrámos sem querer.
Já passeámos, já corremos,já caímos, já nos levantámos, já chorámos e já sorrimos.
É tempo de arrumar as prateleiras do coração, deitar fora o que já não interessa e guardar no sítio certo aquilo que nos faz crescer por dentro.

"Quando a gente gosta, é claro que a gente cuida.. "

Para os caminhos luminosos e para os outros.. Cá estamos.. uma pra outra, uma pela outra! ;)

 

Enviar um comentário

<< Home